As vezes, em palestras, quando falo sobre diferenciação no mercado, mostro um slide com diversas empresas de diferentes segmentos e pergunto qual o maior diferencial de cada uma delas. As respostas são as mais variadas - tecnologia, design dos produtos, logística, CRM... e por aí vai.

Na verdade, o grande diferencial é sempre o mesmo.... GENTE! Nada é mais importante para uma empresa que as pessoas que nela trabalham. E, por isso, saber lidar com elas é, na minha opinião, a maior qualidade que um profissional pode ter.

Mas o que seria “saber lidar com gente”? Poderíamos passar o dia todo debatendo o assunto, mas vou listar alguns aspectos e crenças que tentamos aplicar no dia a dia da MM12 para extrairmos dos nossos funcionários o máximo que podem oferecer.

ENTENDENDO AS NECESSIDADES INDIVIDUAIS

O ser humano por regra geral é um ser único e complexo, com características muito particulares. Se você tem uma equipe de 10, 20, 30... pessoas, é extremamente importante que você entenda o que move cada um deles, quais os seus medos, anseios, percepções etc. E mais, entenda o lado pessoal, sua família, seus valores, sua história... apesar da máxima de mercado que o pessoal não deve influenciar no profissional (fácil de falar e impossível de implementar), os líderes que entendem todos os aspectos de sua equipe, terão, sem dúvida, um time muito mais coeso e motivado do que aqueles que preferem se manter frios e distantes.

Isso se torna ainda mais verdadeiro com a nova geração que está aí. As necessidades dos jovens mudaram, a forma de pensar mudou e é fundamental que as grandes empresas se adéquem a essa realidade, pois se não o fizerem, terão muito mais dificuldades de reter os grandes talentos.

CAPACIDADE DE ESCUTAR

Como dizem por aí, “se falar fosse tão importante, Deus não lhe dava uma boca e duas orelhas”. Na minha visão, o carisma de uma pessoa junto ao seu time, pares, superiores, amigos e etc. está muito ligado a capacidade de ouvir verdadeiramente o interlocutor. Isso não quer dizer que tudo que você escute, precise concordar ou implementar, mas, sem dúvida, pessoas que sabem escutar, não só serão mais admiradas, como terão um espectro muito maior para terem novas ideias e novas abordagens.

GENTILEZA

Gentileza gera gentileza e PRODUTIVIDADE. Sempre uso o exemplo do garçom para falar sobre esse ponto. Não conheço ninguém que se auto intitule uma pessoa "não gentil", mas quando a maioria chega em um restaurante, nunca pensa em se apresentar para a pessoa que irá lhe servir e em perguntar seu nome. Chamam de psiu, garçom, campeão, amigo... e por aí vai. Tente chegar em um restaurante e se apresente ao garçom, pergunte o seu nome e fale o seu, aperte a sua mão e verá como será incrivelmente melhor atendido. Isso, pelo simples motivo de você estar atendendo uma das principais necessidades dele, a de se sentir igual a você. Conversando uma vez com um garçom amigo (Chico, do Origami do Shopping da Gávea), perguntei o que ele menos gostava na profissão de garçom e a resposta foi: “ser chamado de PSIU e a falta de educação de algumas pessoas”. A verdade é que o óbvio nem sempre é percebido e precisamos nos atentar aos detalhes e tentar entender ao máximo as necessidades individuais dos outros para que sejamos verdadeiramente gentis.

Costumo dizer que somos uma empresa de beijos e abraços e tentamos transferir esse carinho e esse cuidado para todos a nossa volta, sejam clientes, parceiros ou, claro, nossa própria equipe.

MITIGANDO O MEDO DE ERRAR

Sou extremamente crítico em relação ao modelo de ensino no Brasil, sendo que um dos grandes motivos é por achar que o mesmo ainda estimula o medo dos alunos de errarem. Esse é um dos maiores problemas que temos em escolas e em empresas no nosso país, pois o medo de errar limita a criatividade, bloqueia a tomada de decisão e de risco e, consequentemente, dificulta a inovação.

Acabei de ler o livro sobre a história da PIXAR e, segundo Edwin Catmull, um de seus fundadores, um dos seus grandes desafios é exatamente o estimulo ao erro, tirando da cabeça das pessoas que serão penalizadas se cometerem alguma falha.

A verdade é que o nosso maior potencial de crescimento e aprendizagem está exatamente no momento em que temos um problema. Gosto muito de duas frases que ilustram bem esse conceito, a primeira é “Crescer dói, mas vale a pena.” e a segunda "Se está perfeito é porque está atrasado". Errar não só é humano, como também é fundamental para evoluirmos.

AMBIENTE DE TRABALHO

Acredito muito que a felicidade está diretamente ligada ao equilíbrio entre o profissional e o pessoal. Dito isto, tentamos sempre contratar pessoas que não só tenham potencial individual, mas que também agreguem para o clima do grupo e para o ambiente como um todo. As vezes uma contratação errada, pode afetar todo o ambiente interno de uma equipe ou de uma empresa dependendo do tamanho.

Não faz sentido passarmos de 8 a 12 horas por dia trabalhando em um ambiente onde o clima não seja de positividade.

OWNERSHIP

Por ultimo, mas não menos importante, acreditamos que TODOS, independente do cargo, precisam ter cabeça de dono, afinal, se o negócio cresce, todos crescemos juntos. Comprometimento, responsabilidade e determinação talvez sejam as características mais importantes a serem avaliadas dentro de uma equipe.

Hoje, muito se fala em ownership, virou "moda", bonito de ser falado, mas a verdade é que o conceito só se materializa e as pessoas só estarão realmente motivadas e comprometidas se todos os pontos anteriores e mais alguns outros forem aplicados de forma verdadeira.

Tudo isso para dizer que, tão ou mais importante que ter uma estratégia bem definida e um produto de grande potencial, é saber CUIDAR de quem faz a roda girar.

Miguel Góes, sócio diretor da MM12.

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